Educação e Energia

    O mês de novembro/2023 foi agitado no Atelier, alguns projetos foram os responsáveis por essa situação principalmente os ligados a energia, porém, no tempo que a rotina para realização te faz entrar numa bolha e esquecer um pouco o mundo lá fora a demonstração e apresentação dos projetos te coloca no tempo novamente e o mundo parece que não é mais o mesmo.
    Graças a professora Maria Brambila da UFABC, tive a grata satisfação de apresentar meus estudos sobre o projeto de produção de energia a partir da cinética, uma pasta que foi desarquivada a aproximadamente dois anos que voltou a tona para minha vida como "solução" tapa-buraco da queima de combustíveis fósseis e qualquer outro tipo de fonte poluidora que promove as mudanças climáticas que vem assombrando os noticiários com previsões meteorológicas aterrorizantes com calor extremo e variações desequilibradas nunca vistas antes. Não só a produção de energia cinética mas me debrucei mais para entender a utilização da energia solar e também pude apresentar na Feira Vegana do ABC promovida pelo Instituto Acqua no Parque Oriental em Ribeirão Pires, SP o projeto Mazzi, agora com boas atualizações técnicas na circulação do ar dentro da cuba de captação dos raios solares, tais atualizações constam com um módulo de placa fotovoltáica para habilitar um sistema fan e promover a circulação do ar, porém, para transformar energia solar em energia elétrica não é algo tão fácil principalmente nas variações de potencia da placa fotovoltaica.

Mazzi III, nova versão do nosso desidratador solar, com sistema de circulação de ar

    Para além da satisfação de poder realizar tais vislumbres tecnológicos, algo chocante vem de encontro as ambições de contribuição para reverção do cenário caótico do clima e é a educação no Brasil a responsável pelas preocupações. Há dois caminhos para que esses projetos impactem de forma expressiva na sociedade, o primeiro é o que ja vem acontecendo de maneira mercadológica, é inegável o mercado de energias renováveis, é inegável as tentativas das mídias e meios de comunicação para trazer a sustentabilidade com o ESG, isso já acontece em proporções globais. Mas as regras de mercado são um caminho, o outro, talvez mais humano e com perspectivas mais tangíveis de escala é a popularização e descentralização da construção desses equipamentos que podem ser produzidos por qualquer pessoa ou grupo apto e com conhecimentos fundamentais sobre matemática, mecânica, metalurgia, marcenaria, meteorologia e demais ciências da natureza tão fundamentais para se reconhecer ou ser reconhecido como terráqueo.

Turma de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do ABC que assistiu a aula sobre Usina Cinética

    No último dia 5 de dezembro de 2023, foi lançado o ranking PISA 2022, uma sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, e o Brasil se encontra abaixo dos 400 pontos, ou seja, o Brasil levou bomba nessa prova, nossos jovens sabem pouco de matemática, ciências e leitura. Se um alienígena pousar no Brasil e ficar compadecido por nosso planeta, seus seres e suas belezas, infelizmente não conseguirá saber muito. Conversando com uma colega educadora, as responsabilidades são sempre jogadas para terceiros ou a clássica "pelo menos há um sistema educacional público", enfim, a esperança de popularizar tecnologias que usam os fenômenos da natureza para funcionar, no meu ver, apenas serão providênciadas a partir de pacotes fechados nas gôndolas de supermercado, na verdade, não gostaria que tecnologias para reversão dos problemas climáticos fossem disponibilizadas mediante pagamento no cartão com juros de 400% ao ano. Sem uma educação responsável, factível e eficiente acho pouco provável que tenhamos coisas novas rodando por ai. Mas sempre há uma esperança, os alunos e alunas da turma de Ciência e Tecnologia da UFABC são uma esperança factível para a mudança desse cenário em nosso país. Deposito minhas esperanças também na educação popular, porque apesar do triste cenário institucional, há pessoas nesse país que levam o conhecimento para além das quatro paredes da escola e ainda sustentam as gerações com cultura e fomentos, a desculpa da escola conteudista ainda pode ser uma contradição aos resultados dessas avaliações. 

Demonstração do desidratador Mazzi III na Feira Vegana do ABC em Ribeirão Pires, SP

    Sendo assim, continuo fora da instituição com parcerias e fomentos, foi o que aconteceu na apresentação do desidratador na Feira Vegana do ABC, que foi muito bem recebido pelo público, poder cozinhar com a energia solar é muito interessante e ainda a ciência fascina as pessoas, tivemos um bom público para ver o funcionamento. Acredito ainda que a energia solar seja mais útil para ser transformada em energia térmica do que elétrica, visto que, segunda a professora Ana Paula Veiga da UFABC, aponta que o aproveitamento da energia solar para ser transformada em elétrica é de apenas 20% em média.
    
   

Comentários

  1. Parabéns Victor, pelo trabalho de educador e de conscientização, a transição energética de uma ou outra forma acontecerá, e projetos de energia limpa e sustentáveis como o que apresentou deve ser incentivado. Esperamos ter você de novo na UFABC, em breve.

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